Estimativas realizadas pelo Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep) indicam que, no quarto trimestre de 2022, a Petrobras deverá registrar resultado financeiro positivo: (i) Lucro Líquido de R$ 51,3 bilhões; (ii) Receita Líquida de R$158,8 bilhões; (iii) EBITDA Ajustado de R$ 97,6 bilhões; e (iv) Distribuição de dividendos entre R$ 20 bilhões e R$ 35 bilhões, caso seja mantida a mesma política de distribuição dos trimestres anteriores. A Petrobras divulga na próxima quarta-feira (01/03) o balanço dos seus resultados operacionais e financeiros do quarto trimestre de 2022.
A projeção positiva dos resultados neste quarto trimestre guarda forte relação com o aumento dos preços internacionais do barril de petróleo (Brent) e a elevação dos preços médios de venda dos derivados no mercado interno, em comparação com seus respectivos preços no 4T21, que impulsionaram o aumento das receitas de vendas. Segundo as estimativas do Ineep, os preços médios dos derivados cresceram 26,6%, nessa comparação anual, saindo de R$ 490,00 por barril no 4T21 para R$ 622,00 no 4T22. A queda de 2,8% no volume de vendas de derivados no mercado interno, na comparação anual, reforça o papel central da política de preços da Petrobras (PPI) nesse resultado positivo.
Tabela – Estimativas do Balanço da Petrobras 4T2022 (em R$ bilhões)
Os resultados do quarto trimestre de 2022 deverão ser impactados por lançamentos não recorrentes[1], isto porque a companhia comunicou o recebimento de aproximadamente R$ 14,6 bilhões por quatro desinvestimentos e uma cessão de direitos de produção: (i) venda de sua participação na SIX (R$ 194 milhões) e na REMAN (R$ 1,2 bilhão); (ii) a venda dos campos terrestres do Polo Carmópolis, em Sergipe (R$ 2,82 bilhões); (iii) venda de sua participação no campo Papa Terra, na Bacia de Campos (R$ 94 milhões); e, por fim, (iv) cessão de 5% de sua participação no Contrato de partilha de Produção do Volume Excedente da Cessão Onerosa no campo de Búzios, na Bacia de Santos (R$ 10,3 bilhões).
Em linhas gerais, os resultados positivos estimados para a companhia no 4T22, em comparação ao 4T21, são fruto de dois elementos centrais, primeiro, do aumento das receitas de vendas no mercado interno decorrente dos preços dos derivados, que seguem a atual política de preços de paridade de importação (PPI), e, segundo, da manutenção de baixos custo de produção da companhia, fruto da elevada produtividade do Pré-sal.
Aumento dos preços dos derivados garantem lucros
Segundo estimativas do Ineep para o 4T22, a receita de vendas da Petrobras foi de R$ 158,8 bilhões, crescimento de 18,3% em relação ao mesmo período do ano passado. Desse total, R$ 119,6 bilhões foram originários das vendas para o mercado interno, que cresceram 18,6% na comparação com 4T21 e representaram 75% da receita de vendas total da companhia. As vendas para o mercado internacional devem alcançar cerca de R$ 39,1 bilhões, o que significa um incremento de 17,6% e, com isso, passa a representar 25% das receitas no 4T22, ante 24% no 4T21.
As receitas de vendas de derivados para o mercado interno devem representar cerca de 63% do total das receitas da Petrobras no 4T22, o que evidencia como os preços domésticos e a adoção do PPI impactam diretamente os resultados financeiros da companhia. As estimativas do Ineep para o 4T22 reforçam essa percepção, visto que a queda de 2,8% dos volumes comercializados dos derivados foi compensada pelo aumento do preço médio do total de derivados, que subiu 26,9% no 4T22, quando comparado com 4T21.
A venda parcial do parque de refino da Petrobras, em especial da RLAM, além de impactar na alta dos preços observados no mercado interno, provocou uma elevação das vendas de petróleo da estatal para o mercado nacional. Neste 4T22, essas vendas cresceram 741,7%, saindo de 83 mil de barris por dia (Mbpd) no 4T21 para 153 Mbpd neste trimestre. Segundo estimativas do Ineep, isso deve gerar receitas de R$ 6,4 bilhões para Petrobras no trimestre, sendo influenciada pelo aumento de 11,4% no preço do petróleo Brent, que se elevou de US$ 79,5 por barril, na média do 4T21, para US$ 88,6 por barril, na média do 4T22.
No que diz respeito às vendas da Petrobras para o mercado externo, na comparação dos resultados do 4T22 com o 4T21, verificou-se um aumento de 13,1% no volume de exportação de petróleo e derivados, decorrente, exclusivamente, das exportações de petróleo cru, que cresceram 39,5% neste trimestre, saindo de 440 mil barris por dia no 4T21 para 614 mil barris por dia no 4T22. Estimou-se uma elevação de 26,5% nas receitas com venda totais para o mercado externo, nessa comparação anual.
Por conta desses resultados das receitas e da atual estrutura de custos da Petrobras, o Ineep projeta que o lucro antes do resultado financeiro, participações e impostos (sem considerar a venda de ativos e os impairments) no 4T22 será de R$ 81,5 bilhões, valor 41,3% superior ao registrado no mesmo período em 2021. Somando esse lucro operacional estimado (considerando a venda de ativos e as compensações) com o resultado financeiro (R$ -6,3 bilhões) e os impostos (R$ 24,0 bilhões) estimados, obtém-se o lucro líquido estimado de R$ 51,3 bilhões, conforme apresentado anteriormente.
Geração de caixa e pagamentos de dividendos
Esse lucro estimado da Petrobras proporcionará uma Geração de Caixa Operacional ainda maior neste trimestre, cerca de R$ 73,6 bilhões, que é o resultado das entradas e saídas de caixa relacionadas as atividades operacionais (ver Tabela). De forma indireta, a geração de caixa operacional é calculada somando ou subtraindo itens (ajustes) do lucro líquido que afetam o fluxo de caixa operacional. Com essa geração de recursos, estimou-se um Fluxo de Caixa Livre (diferença entre a geração de caixa livre e gastos em investimentos imobilizados e intangíveis) da Petrobras no 4T22 da ordem de R$ 64,3 bilhões, crescimento de 53% em relação ao mesmo período do ano passado.
Com base nas estimativas da geração de caixa operacional e do fluxo de caixa livre e últimas distribuições de dividendos, o Ineep estimou também o montante da distribuição de remunerações para os acionistas entre R$ 20 bilhões e R$ 35 bilhões. Do total estimado de lucros a serem distribuídos, 36,6% irão para o governo federal e para o BNDES; 63,4% para acionistas privados, dos quais 46,3% para os acionistas não brasileiros (NYSE-ADRs, B3, CRGI e Blackrock) e 17,1% para os acionistas privados brasileiros.
[1] Cabe observar que estas estimativas não consideram lançamentos não recorrentes que podem impactar nos dados contábeis e financeiros, tais como: ações judiciais, provisões, ajustes de contabilização do E&P com poços secos, impairment que não foram comunicados ao mercado e que são imprevisíveis antes da divulgação do balanço.