“O Brasil é grande demais para renunciar o seu potencial produtivo. Não faz sentido importar combustíveis, fertilizantes, plataformas de petróleo, microprocessadores, aeronaves e satélites”, afirmou o presidente Lula

[Da imprensa da FUP*]

Em um discurso histórico no Congresso Nacional, ao tomar posse pela terceira vez como presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva frisou o compromisso de seu governo com a retomada da soberania e do desenvolvimento nacional e a ampliação de direitos sociais.

Lula afirmou que a Petrobrás, assim como os bancos públicos, especialmente o BNDES, terão participação central na retomada econômica do país, com foco em um desenvolvimento ambientalmente e socialmente justo. Ele ressaltou que está recebendo um Brasil dilapidado e que o legado deixado pelo governo Bolsonaro precisa ser conhecido por todos.

“Dilapidaram as estatais e os bancos públicos, entregaram o patrimônio nacional. Os recursos do país foram rapinados para saciar a cupidez dos rentistas e de acionistas privados das empresas públicas”, afirmou o presidente. ”É sobre estas terríveis ruínas que assumo o compromisso de, junto com o povo brasileiro, reconstruir o país e fazer novamente um Brasil de todos e para todos”.

Lula afirmou que o Brasil precisa voltar a ocupar lugar de destaque na geopolítica internacional e “resgatar o papel das instituições do Estado, bancos públicos e empresas estatais no desenvolvimento do país”. Ele ressaltou a importância de “planejar os investimentos públicos e privados na direção de um crescimento econômico sustentável, ambientalmente e socialmente”.

“O Brasil é grande demais para renunciar o seu potencial produtivo. Não faz sentido importar combustíveis, fertilizantes, plataformas de petróleo, microprocessadores, aeronaves e satélites. Temos capacitação técnica, capitais e mercado em grau suficiente para retomar a industrialização e a oferta de serviços em nível competitivo”, destacou o presidente Lula.

“Nenhum outro país tem as condições do Brasil para se tornar uma grande potência ambiental, a partir da criatividade da bioeconomia e dos empreendimentos da socio-biodiversidade. Vamos iniciar a transição energética e ecológica para uma agropecuária e uma mineração sustentáveis, uma agricultura familiar mais forte, uma indústria mais verde”, afirmou.

Leia aqui a íntegra do discurso de Lula na cerimônia de posse, no Congresso Nacional.

Transmissão de faixa foi feita por representantes do povo brasileiro

Diante da negativa do ex-presidente Jair Bolsonaro e do ex-vice-presidente Hamilton Mourão em participar da passagem da faixa presidencial, o momento da subida da rampa do Palácio do Planalto, o mais simbólico das cerimônias de posse presidencial no Brasil, contou com uma surpresa emocionante.

Um grupo de oito representantes do povo brasileiro foi escolhido para acompanhar Lula no percurso e no recebimento da faixa presidencial. A cadela vira-lata Resistência, adotada por Janja durante a vigília “Lula Livre”, também esteve presente. Segundo a organização do evento, a ideia foi demonstrar o compromisso do governo com a diversidade.

Subiram a rampa ao lado da presidente Lula e da primeira dama Janja o cacique indígena Raoni, de 90 anos; o menino Francisco, 10, nadador negro, da periferia de São Paulo; a catadora de materiais recicláveis, Aline Sousa, 33; o professor Murilo Jesus, 28; a cozinheira Jucimara Santos; Ivan Baron, que teve meningite aos 3 anos e ficou com paralisia cerebral; o metalúrgico Wesley Rocha, 36; e o artesão Flávio Pereira, 50, que participou do acampamento Lula Livre, em Curitiba, durante a prisão política do presidente.

No discurso para o povo, após receber a faixa presidencial das mãos de uma mulher preta e catadora de materiais recicláveis, Lula  agradeceu a todos que estiveram ao seu lado e, principalmente, na vigília, em Curitiba, durante o período de sua prisão política, mas lembrou que governará para “215 milhões de brasileiros e brasileiras e não apenas para quem votou em mim”.

O presidente reafirmou que o combate à fome e a todas as formas de desigualdades será o eixo central de seu governo e chorou ao falar de pessoas que ficam nos sinais de trânsito com cartazes de papelão pedindo ajuda ou buscando comida entre restos e ossos. “É um crime, o mais grave de todos, contra o povo (…) É inadmissível que os 5% mais ricos detenham a mesma fatia de renda que os demais 95% de pessoas”, afirmou Lula.

Ele se emocionou muito ao falar da volta do Brasil ao mapa da fome e dos retrocessos gerados pelo aumento das desigualdades sociais, afirmando que é inadmissível vivermos em um país dividido por dois grupos que não se reconhecem, com “fila na porta dos açougues, em busca de ossos para aliviar a fome. E, ao mesmo tempo, filas de espera para a compra de automóveis importados e jatinhos particulares”.

“Tamanho abismo social é um obstáculo à construção de uma sociedade verdadeiramente justa e democrática, e de uma economia próspera e moderna. Por isso, eu e meu vice Geraldo Alckmin assumimos hoje, diante de vocês e de todo o povo brasileiro, o compromisso de combater dia e noite todas as formas de desigualdade”, afirmou o presidente.

Leia aqui a íntegra do discurso de Lula ao povo brasileiro, após subir a rampa do Palácio.

Reveja a cerimônia de posse do presidente Lula, transmitida pela TV dos Trabalhadores, a TVT: