Rafael Chaves ganhou notoriedade ao ter vídeo, em que está vestido com a farda de petroleiro e ataca a gestão dos governos anteriores na estatal, divulgado por Jair Bolsonaro (PL)
Por Andreza de Oliveira
Na última segunda-feira (31), o diretor-executivo de Relacionamento Institucional e Sustentabilidade da Petrobrás, Rafael Chaves dos Santos, se fantasiou de petroleiro para promover discurso político e anticorrupção em que ataca a gestão da estatal durante os mandatos petistas, em evento na GasLub, em Itaboraí (RJ). O vídeo com as falar do diretor foi compartilhado nas redes do atual presidente da República, Jair Bolsonaro (PL).
Em seu discurso, Chaves incita que, durante o governo petista houve uma corrupção bilionária na Petrobrás e que, na gestão liberal bolsonarista, não existe mais a era de indicação política dentro da empresa. Entretanto, o cargo ocupado pelo diretor foi sugestão da presidência da República, Chaves nunca prestou concurso para estar na estatal.
Estima-se que o salário do diretor seja, inclusive, de aproximadamente R$ 150 mil mensais – valor que poderia pagar, em média, 120 trabalhadores que recebem um salário-mínimo.
Presidente da Associação Nacional dos Petroleiros Acionistas Minoritários da Petrobrás (Anapetro), o petroleiro Mario Dal Zot aponta repúdio à ação do diretor em nome de toda a entidade. “O triste episódio demonstra todo despreparo da alta direção da empresa e seu uso político, que além de descumprir regras sanitárias, cometeram crime de calúnia e mentem descaradamente para a sociedade brasileira, pois são os responsáveis pelo alto preço dos combustíveis no Brasil”, afirma.
Na reunião, além de Chaves, os diretores de Desenvolvimento da Produção, de Comercialização e Logística, de Transformação Digital e Inovação e o presidente do Conselho de Administração da Petrobras estavam utilizando o uniforme de petroleiros. Todos não utilizavam máscaras de proteção contra a covid-19.
Um dia após o ocorrido, na terça-feira (01), os mesmos diretores juntamente a Jair Bolsonaro e ao presidente da estatal, general Silva e Luna, estiveram novamente no Polo da GasLub para os inicios dos testes operacionais. Ambos ignoraram as regras sanitárias da própria Petrobrás e não utilizaram máscaras.
“São esses os responsáveis pela redução da capacidade de refino da Petrobrás, que abre espaço para importadoras e aumentam os preços de combustíveis. Nós da Anapetro não podemos compactuar com isso, todos deveriam ser responsabilizados por esses desmandos”, finaliza Dal Zot.
Demonstrando repúdio pela manifestação política indevida e pelo não cumprimento das normas de segurança da Petrobrás, a Anapetro avalia denúncia do caso aos órgãos fiscalizadores da gestão.