É a primeira vez que a FUP e o Dieese participam da Conferência do Clima. As duas entidades ressaltaram que a transição energética precisa ser liderada pela Petrobrás, que deve voltar a atuar como uma empresa integrada de energia

[Da imprensa da FUP]

Durante participação nesta quarta-feira 16, em um painel da COP 27, a FUP e o Dieese enfatizaram que somente com participação dos trabalhadores será possível uma transição justa e inclusiva no setor energético. O debate foi realizado no Brazil Climate Action Hub, no início da manhã (4h30 no horário de Brasília), na cidade de Sharm El Sheikh, no Egito, que está sediando a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas.

Com o tema “Transição energética justa no setor de óleo e gás no Brasil”, o debate foi mediado pela coordenadora do Instituto Clima e Sociedade (ICS), Amanda Ohara, e contou com dois painéis. O primeiro abordou a visão dos trabalhadores sobre a transição e as propostas em relação à Petrobras. O segundo foi sobre o enfrentamento da sociedade civil ao avanço do setor de gás natural na matriz energética.

O primeiro painel teve participação do diretor da FUP, Gerson Castellano, do técnico da subseção FUP do Dieese, Cloviomar Cararine, e do diretor do Sindipetro RJ, Rodrigo Esteves. No segundo painel, falaram Cassio Cardoso, do INESC; Luiz Ormay Jr., do Instituto Arayara; Ricardo Baitelo, do IEMA; além do deputado federal Pedro Campos (PSB/PE) e do senador Jean Paul Prates (PT/RN), que coordena a Frente Parlamentar em Defesa da Petrobrás.

É a primeira vez que a FUP e o Dieese participam da Conferência do Clima. As duas entidades ressaltaram que a transição energética precisa ser liderada pela Petrobrás, que deve voltar a atuar como uma empresa integrada de energia. Cloviomar Cararine falou sobre os estudos que o Dieese vem desenvolvendo sobre “empregos verdes” e os trabalhadores potencialmente impactados pela transição energética. Um dos estudos investiga os tipos de empregos que serão gerados pela transição nas unidades petrolíferas e os efeitos que esse processo terá para os trabalhadores.

Rodrigo Esteves, do Sindipetro RJ, falou sobre o papel da Petrobrás na transição justa, lembrando que, por ser uma estatal, ela tem função social e, portanto, deve utilizar a renda do petróleo para fazer a transição para a energia limpa. “A Petrobrás ganhou as manchetes de vários jornais por ser a empresa que mais pagou dividendos para acionistas no mundo. Não é esse o seu papel. A notícia que gostaríamos de ter visto é de que a Petrobrás foi a empresa que mais investiu em energias renováveis”, afirmou.

O diretor da FUP, Gerson Castellano, destacou que a Federação já fez o indicativo para o governo eleito de que a Petrobrás precisa ser um ator importante na transição energética. “A Petrobrás, além de ter recursos para isso, tem mão de obra capacitada, temos centros de pesquisa e expertise para podermos avançar na transição energética”, afirmou.

Castellano ressaltou a importância da estatal investir em geração de energia eólica offshore e reativar o setor de biocombustíveis. “A retomada dos investimentos da Petrobrás é fundamental, pois ela é o elemento principal para fazer a transição energética no Brasil. Não tem empresa mais capacitada para isso”, alertou o diretor da FUP.

Ele também lembrou que “petróleo não é apenas para queima”, pois envolve toda uma cadeia petroquímica extensa, que vai desde produção de fertilizantes para a agricultura, até insumos para fabricação de remédios. “A Petrobrás tem que se preparar para a transição energética justa, inclusiva e solidária, pois o povo tem que ter acesso à energia, com preços acessíveis. A FUP tem muito o que contribuir nesse processo”, afirmou Castellano.

O senador Jean Paul Prates afirmou que transição justa é, principalmente, não deixar ninguém para trás e deve ser pensada também em termos de proteção social. “A Petrobras talvez seja a única empresa capaz de conduzir essa transição de forma justa, de forma gradual o suficiente para não traumatizar segmentos, setores, populações etc”, afirmou.

“É preciso a força institucional na implementação da transição, mas antes disso, é preciso que haja participação de vários setores da sociedade nesse debate”, destacou.  Ele citou como exemplo de transição a que ocorreu no Rio Grande do Norte, entre a primeira e a segunda décadas deste século. Em praticamente uma década, o estado deixou de ser o principal produtor de petróleo em terra para tornar-se o maior produtor do país de energia eólica.

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